terça-feira, 22 de julho de 2014

Sobre a necessidade de gostar de alguém

Durante uma conversa, com uma amiga doidinha, surgiu uma pergunta que me corroeu o juízo: “Você não gosta de ninguém?”. O gostar ao qual ela se referia era sobre eu não estar apaixonada por alguém, há muito tempo, para ser mais explicita. Ela não entendia o fato de que o meu desinteresse em relacionamentos surgisse tão rápido quanto meus interesses, na verdade a pergunta que ela queria fazer, era: “Puta merda, como você consegue está a tanto tempo sozinha?”.
Ao questioná-la sobre o motivo daquela pergunta, tive como resposta um vago: “Não sei, talvez seja porque todo mundo gosta de alguém!”. Como as interrogações das conversas tem um poder exageradamente sério sobre a minha pessoa, agora me ponho a escrever e a criar novas interrogações.
Acho absolutamente incrível as críticas da sociedade diante de uma mulher “sozinha”. O mundo lhe impõe que para estar bem, você tem que está com a ficha de relacionamento sério preenchida nas redes sociais. E quando falo “o mundo” me refiro ao geral, pois, as críticas e dúvidas começam dentro de casa quando sua mãe começa a lhe perguntar: “Minha filha, você é uma menina tão bonita, porque está a tanto tempo sozinha? Conta pra mamãe, você está gostando de alguém?”. Aí, o tempo passa um pouco mais e as perguntas mudam: “Minha filha, vamos conversar! Você está gostando de alguém do mesmo sexo que o seu e tem vergonha de assumir? Por que você disse não aquele rapaz que te pediu em namoro? E, por que ninguém é bom para você?”.
E, como se não basta-se o olhar torto da sua família diante do seu “status mal resolvido”, você ainda tem que aguentar piadas de colegas que trocam de namorado como quem troca uma blusa ou um sapato. Os cochichos soam como: “Até a viúva feia e velha do 302 tem uma relacionamento sério e você. Tá ai. SOZINHA!”
Pois é, a vida não é fácil pra quem é sozinho, principalmente se você for mulher, desculpem-me as feministas de plantão. Não estou sendo machista, apenas estou relatando uma realidade social. Hoje em dia você vive em uma sociedade de aparências. Onde, nem se você tiver dinheiro, namorado e carro do ano estará livre de críticas e olhares maldosos. As pessoas vivem de uma eterna necessidade de provar ao outro que estão bem e que vivem “felizes”. Talvez seja por isso que o número de divórcios e casamentos de fachada tenham aumentado, e os relacionamentos que tem um excesso de amor a mostrar ao mundo acabam em uma semana. Todos estamos tão cheios de pouco de nós que muitas vezes deixamos de fazer e viver o que realmente queremos para “esfregar na cara do outro” uma felicidade infeliz.
Estou sozinha por opção! Garanto que se você disser isso para alguém, estará garantida a gargalhada do lado oposto. A verdade, é que estou sozinha porque até agora não encontrei a pessoa certa com quem eu queira passar uma tarde inteira falando besteiras e para o qual eu tenha confiança o bastante para entregar meus sorrisos e lágrimas mais sinceras. Estou sozinha porque ao invés de está preocupada sobre o que falam sobre o meu suposto estado de carência, eu dou risada das perguntas e chacotas idiotas. Se me perguntares se acredito em contos de fadas e em relacionamentos perfeitos, minha resposta será: Não! O que acredito é que existem pessoas que fazem valer a pena suas diferenças e não criam disso um problema, tornando assim tudo mais leve e gostoso de ser vivido. Enquanto não encontro essa pessoa, sigo dando risadas e assistindo o quanto o ser humano conseguiu tornar-se dependente da opinião do outro.




quinta-feira, 17 de julho de 2014

Livro 1, Parte 0!

- Pode ser perigoso despertar as pessoas dos seus sonhos!
Uma voz ecoou essa frase, enquanto eu estava em um transe entre o sono e o despertar. Levantei bruscamente em um impulso assustador e a frase continuava a repetir durante o tempo que eu tentava organizar os pensamentos e realmente acordar. Acordar nesse mundo, que não é o pais das maravilhas, mas, vive nos “cortando as cabeças” e nos deixando vivos.
O dia então iniciou-se confuso e com um gosto adstringente. Ao levantar ouvi um silêncio que chegava ser provocador, eram oito da manhã e todos haviam tomado a direção rotineira de suas vidas, já eu, no entanto, não conseguia sequer organizar meus pensamentos, a única coisa que eu tinha certeza era que eu tinha muita coisa pra fazer naquele dia. Assim como em todos os outros!
Caminhei pela casa tentando chegar a cozinha e aos analgésicos, em cada passo o silêncio parecia gritar descontroladamente em minha cabeça, ao encontrar os remédios me senti como se tivesse encontrado um tesouro mágico. Tomei um comprimido e retornei a cama. Dormi um pouco, o suficiente para que o silêncio voltasse a ser calmo.
Ao acordar, mais uma vez, olhei para o relógio e percebi que tinha dormido muito, segundo ele já eram cinco horas da tarde. O sol estava incidindo em meus olhos e eu não conseguia abri-los totalmente, apenas achava estranho aquele relógio de parede naquela posição pois, nunca fui muito fã de relógios de parede. Forcei um pouco a vista quando algo me assustou, eu estava em uma cama de hospital e ao meu lado apenas um criado-mudo branco e em cima dele um buquê de flores vermelhas em um vaso parecido com o de minha mãe com vários cartões ao seu redor, ainda meio tonta consegui ler uma das mensagens escrita em um cartão que estava apoiado no vaso, a letra era da minha melhor amiga com um recardo meio tremulo “Aguardarei o seu tempo, seja ele qual for! O mundo ainda é nosso até que provem o contrário! Ass.: Maria Alice”.
Vendo aquilo eu quis gritar para que alguém corresse e me disse o que estava acontecendo.
– Porque meu corpo não é meu e meus braços estão tão finos?
Quando algum som iria tentar sair de minha boca, o bipe de um aparelho soou mais alto e então ouvi o som da porta abrir e em questões de segundos um grito eufórico rodeado por lágrimas saia na voz de Mamãe: - Eu sabia que você voltaria pra mim, nunca duvidei disso meu amor! Meu lindo bebê. Você voltou!

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