sábado, 5 de abril de 2014

A verdade sobre ela



Ela sorria e ao observá-la, perguntava-me: - Como alguém podia ter um sorriso tão belo e radiante em plena manhã?
Poucos sabiam, mas anoite o frio se fazia grande dentro daquela menina. Tentando ela, por vezes, sorrir ao travesseiro e esconder dele suas lágrimas, porém, por alguns motivos, elas continuavam caindo e escorrendo a dor e o peso de sua vida. De uma vida que lhe parecia grande demais, a ponto de tentar fazê-la parecer uma formiga avistando o sapato que irá esmagá-la.
E ali, em meio ao seu pranto ela era ela. Ela sozinha. Ela com seus mil e um problemas. Ela com suas indagações que no meio de tantas interrogações a fazia se perder, ainda mais. Ela e sua janela aberta, para suas conversas intermináveis com as estrelas, em busca de resposta ou de um milagre, quem sabe? E então, enfim, era ela a dormir.
O dia amanhece e ela vai enfrentar a vida longe do seu mundo. Eu estou ali, parado, imóvel, esperando para a hora em que ela irá sair do quarto, e então, antes de abrir a porta seu sorriso se projeta no espelho em frente à cama. É o mais belo de todos os sorrisos, parece um ensaio de como ela vai demonstrá-lo ao mundo lá fora.
Hoje após tanto tempo observando-a, eu pude entender! Pessoas tristes possuem o sorriso mais bonito, delicado e radiante. Pois, o mundo ao seu redor, que não é seu, não teria guarda-chuva ou proteção suficiente para os seus temporais.
- E eu, como seu travesseiro e fiel amigo que sou. Aguardo-te ao anoitecer para me fazeres rio ou para que sorrias, mas, por favor, se for para sorrir que seja por uma alegria real. Afinal, um dia a vida tem que te fazer feliz. Não achas? 

Júlia Santos