Hoje eu acordei
ofegante. Foi um sonho, foi real e como tudo na vida fica para trás ele também
ficou.
Naquela manhã do dia
vinte e três de maio de alguns anos atrás, o meu dia começava diferente,
despertei sentindo-me mais confiante e extremamente apaixonada por mim mesma,
essa seria uma das melhores sensações que eu já senti ao longo dos meus
passos tortuosos.
Liguei o rádio em
minha melhor música e ouvi o som da chaleira apitando na cozinha, era minha mãe
tentando anunciar que o café estava quase pronto. Ela sempre deixava a chaleira
“gritar” um pouco com a intensão de acordar a todos em casa, só pra espantar a
impressão de solidão que ela sentia em manhãs ensolaradas e chuvosas. Vesti
aquele vestido de bolinhas brancas que eu nunca gostei muito, porém, naquele dia
ele me parecia o melhor look e então saí do quarto. Fui logo ouvindo mainha
falar o quanto eu estava bonita, arrancando-me um sorriso encabulado, ela
disse: -Você está tão iluminada quanto o sol desta manhã!
Mas, como mencionei acima, toda a trajetória de felicidade em que segui durante aquele dia foi
guiada por você. Você, que dançou comigo na chuva e me fez sentir única, como
se todo resto ao redor não fosse muito significativo. Você, que me fez não ter
mais medo de abrir os olhos no meio da noite e encarar a escuridão do meu
quarto. Você, que mesmo percebendo meu medo por estar contigo ainda me fazia
tão segura.
Hoje, manhã de
dezessete de maio de um ano qualquer, acordei triste e “sem querer querendo”
recordei daquele sonho e acabei sorrindo. Agora, me ponho a escrever para você
que eu nem conheço e mesmo assim me traz uma lembrança única, que até nos dias
mais tristes faz-me sorrir.
-Escrevo pra você, que
só me aparece em sonho e mesmo assim nem se quer me deixa te olhar nos olhos!
Júlia Santos