sábado, 17 de maio de 2014

A culpa é do sonho

Hoje eu acordei ofegante. Foi um sonho, foi real e como tudo na vida fica para trás ele também ficou.
Naquela manhã do dia vinte e três de maio de alguns anos atrás, o meu dia começava diferente, despertei sentindo-me mais confiante e extremamente apaixonada por mim mesma, essa seria uma das melhores sensações que eu já senti ao longo dos meus passos tortuosos.
Liguei o rádio em minha melhor música e ouvi o som da chaleira apitando na cozinha, era minha mãe tentando anunciar que o café estava quase pronto. Ela sempre deixava a chaleira “gritar” um pouco com a intensão de acordar a todos em casa, só pra espantar a impressão de solidão que ela sentia em manhãs ensolaradas e chuvosas. Vesti aquele vestido de bolinhas brancas que eu nunca gostei muito, porém, naquele dia ele me parecia o melhor look e então saí do quarto. Fui logo ouvindo mainha falar o quanto eu estava bonita, arrancando-me um sorriso encabulado, ela disse: -Você está tão iluminada quanto o sol desta manhã!
Mas, como mencionei acima, toda a trajetória de felicidade em que segui durante aquele dia foi guiada por você. Você, que dançou comigo na chuva e me fez sentir única, como se todo resto ao redor não fosse muito significativo. Você, que me fez não ter mais medo de abrir os olhos no meio da noite e encarar a escuridão do meu quarto. Você, que mesmo percebendo meu medo por estar contigo ainda me fazia tão segura.
Hoje, manhã de dezessete de maio de um ano qualquer, acordei triste e “sem querer querendo” recordei daquele sonho e acabei sorrindo. Agora, me ponho a escrever para você que eu nem conheço e mesmo assim me traz uma lembrança única, que até nos dias mais tristes faz-me sorrir.


-Escrevo pra você, que só me aparece em sonho e mesmo assim nem se quer me deixa te olhar nos olhos!

Júlia Santos